Resumo da pesquisa: O azeite de dendê ou óleo de palma bruto híbrido (OPBH) interespecífico de Elaeis guineensis e Elaeis oleifera (HIE OxG) foi desenvolvido por meio de técnicas de melhoramento genético. As vantagens dessa variedade são a maior resistência a doenças e pragas e o maior teor de bioativos no óleo. Nesse contexto, a presente proposta visa compreender o OPBH HIE OxG em relação ao diagnóstico de conhecimento, percepção e potencial de consumo da população brasileira, bem como quanto aos aspectos físico-químicos e oxidativos. Este trabalho foi dividido em três etapas. Inicialmente foi conduzido um estudo prospectivo sobre óleos de plantas híbridas utilizando as bases de dados Espacenet® e Scopus. Foram analisados 24 documentos de patentes e 187 artigos. As Ciências Agrárias e Biológicas foram as principais áreas de aplicação para patentes (79,2%) e artigos (49,3%). O primeiro documento de patente foi registrado em 1990, enquanto o primeiro artigo foi em 1969. A maioria das patentes foi depositada via Tratado de Cooperação de Patentes (45%), seguida pelos Estados Unidos (30%) e Canadá (20%). Os resultados indicaram uma tendência crescente de patenteamento e publicação de artigos na área de óleos híbridos, oferecendo insights sobre possíveis tendências de pesquisa industrial, tecnológica e científica nos setores alimentício, farmacológico e de biocombustíveis. Uma pesquisa on-line foi conduzida na etapa 2 deste trabalho, por meio da aplicação de um questionário semiestruturado com 16 questões aplicado no Google Forms. Este estudo envolveu 1.065 participantes do Brasil. A maioria das respostas (61,10%) não refletiu corretamente a definição desse tipo de óleo. A percepção geral sobre o OPBH foi predominantemente neutra. A pesquisa indicou que a maioria dos participantes (52,58%) manifestou interesse em experimentar o OPBH, enquanto 39,43% demonstraram probabilidade média ou alta de comprar produtos com esse óleo, sugerindo um potencial de aceitação no mercado brasileiro. Por fim, a etapa 3 objetivou avaliar o comportamento do OPBH Unaué HIE OxG durante o período de armazenamento acelerado em estufa (Schaal Oven Test). Para isso, foram realizados testes com o OPBH produzido na Bahia, nos dias 0, 3, 6, 9, 12, 15 e 18 a 65 ±5°C. O óleo de palma bruto (OPB) ou azeite de dendê convencional, da espécie africana, foi utilizado como controle, e as características nutricionais e oxidativas desses óleos foram analisadas. Em relação à composição de ácidos graxos, foi evidenciado um maior teor de ácido oleico (de 55,83 ± 0,01% a 56,23 ± 0,01%) no OPBH. Ao longo do armazenamento, houve degradação dos carotenoides (de 1117,4 ± 13,65 µg/g a 7,38 ± 0,97 µg/g), afetando a cor do OPBH de um tom alaranjado avermelhado para um amarelo médio-escuro. O OPBH apresentou resultados melhores em comparação com o OPB, com um índice de acidez menor variando de 0,94 ± 0,05% de ácido oleico a 1,10 ± 0,48% de ácido oleico. A geração de produtos primários de oxidação, como peróxidos e dienos conjugados, excedeu os limites aceitáveis após o terceiro dia de armazenamento. Enquanto isso, os produtos secundários de oxidação avaliados pela reação de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) aumentaram em 488% no OPBH, mas os trienos conjugados permaneceram estáveis (de 0,79 ± 0,06 a 1,01 ± 0,07). A deterioração do índice de estabilidade ao branqueamento (DOBI), após nove dias de armazenamento, indicou a qualidade inferior tanto do OPBH quanto do OPB. Todavia, para garantir a ausência de qualquer produto de oxidação, o OPBH e o OPB mostraram-se estáveis por até três dias (equivalente a 3 meses). Embora o OPBH HIE OxG seja objeto de estudo desde 1969, o interesse cresceu nos últimos 11 anos. Com uma possível aceitação no mercado, este óleo revela teores mais elevados de carotenoides e ácido oleico em comparação com o OPB. Estudos futuros podem investigar aspectos genéticos, características físico-químicas, sua aplicação em novos produtos e os efeitos sobre a saúde.
Palavras-chave: Elaeis guineensis; Elaeis oleifera; Óleo de palma bruto híbrido; Óleo de palma com maior teor de ácido oleico; Schaal oven test.