Resumo da pesquisa: As aflatoxinas são compostos produzidos pelos fungos Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus em países de clima quente e úmido. Estas podem contaminar cereais, incluindo o milho que é a base da dieta em países africanos, como Moçambique. Estas causam sérios problemas na saúde humana e animal. Na África Subsaariana, as estimativas de exposição dietética às aflatoxinas superam a 100 ng/kg pc/dia. A incidência de câncer hepatocelular (CHC) é de 46.000 casos/ano. Moçambique tem a maior taxa de CHC do mundo. Sendo o milho um alimento que fornece 80% de quilocalorias diárias para população rural de Moçambique, faz-se necessário avaliar a ocorrência das aflatoxinas e o risco carcinogênico decorrente da exposição a esses contaminantes. No capítulo I deste estudo, apresenta-se uma fundamentação teórica sobre a evolução do conceito de micotoxinas e, por final falou-se da Avaliação de risco carcinogénico. No capítulo II, apresenta-se o relatório da investigação da ocorrência desses contaminantes em farinha de milho produzida e comercializadas na cidade de Nampula, Moçambique e sua a avalição do risco carcinogênico. Verificar a ocorrência das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 na farinha de milho produzida e comercializada em Nampula, Moçambique no período de janeiro a março de 2022 e avaliar o risco carcinogênico devido ao seu consumo. As amostras de farinha de milho (n=30), foram coletadas em cinco fábricas. Para a análise de umidade pesou-se dois gramas da amostra em cápsula de porcelana previamente seca e tarada. Colocou-se a cápsula em estufa a 105ºC até atingir massa constante. Os teores de aflatoxinas foram determinados por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com detector de fluorescência após extração em colunas de imunoafinidade e derivatização com ácido trifluoroacético. A ingestão diária foi estimada de acordo com o a proposta de Jardim e Caldas (2009). A avaliação de risco carcinogênico foi baseada no cálculo da Margem de Exposição (MOE) para dois cenários distintos: homens e mulheres. A média da umidade nas amostras coletadas foi 10,5% ± 0,79, variando de 9,1% a 12,2%. As aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 foram detectadas em 20% das amostras (n=6), sendo que em 23,3% (n=7) delas tiveram contaminação de pelo menos duas ou três das aflatoxinas. Em 56,7% (n=17), das amostras não foram detectadas AFs. A contaminação por AFB1 variou de 0,25 a 0,33 ug.kg-1, e os teores de aflatoxinas totais variaram de 0,55 e 1,05 ug.kg-1, com média de 0,89 ug.kg-1estando abaixo dos LMT (10 ug.kg-1e 4 ug.kg-1) para Moçambique e União Europeia, respectivamente. A MOE calculada para homens foi de 243 e para mulheres de 231, estando, portanto, muitas vezes abaixo do ponto de corte de risco negligenciável que é 10.000. O consumo da farinha de milho em Moçambique representa um risco potencial de carcinoma hepatocelular pela exposição às aflatoxinas, devido ao alto consumo deste produto alimentício que é a base da dieta na maioria dos países africanos.
Palavras-chave: Micotoxinas; Produtos a base de milho; Avaliação de risco; Moçambique, Segurança Alimentar.