Resumo da pesquisa: A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença complexa e é definida como como uma proteinopatia caracterizada clinicamente por um declínio progressivo e gradual na função cognitiva e a sua neuropatologia é explicada pela presença de depósitos de placas de peptídeo beta amiloide (Aβ) e por emaranhados neurofibrilares de proteína tau, que levam a perda de sinapses e neurodegeneração, culminando no comprometimento da memória e outros prejuízos cognitivos. Essa doença já se tornou uma prioridade de saúde pública, pois atualmente há 55 milhões de pessoas com demência no mundo e espera-se que esse número cresça em cerca de 10 milhões de novos casos a cada ano. O tratamento disponível, atualmente, para a DA não é efetivo no combate à causa da doença, agindo apenas para amenizar os sintomas, e ainda conta com muitos efeitos colaterais. Por isso, vêm sendo estudadas alternativas mais eficazes e menos deletérias, para isso, busca-se esclarecer as causas da DA, os mecanismos envolvidos e os demais sistemas do organismo que possam estar relacionados. Há uma relação entre o sistema nervoso entérico e o sistema nervoso central e a comunicação bidirecional neuro-humoral, que integra o intestino e o cérebro do hospedeiro é chamado eixo intestino-cérebro. A microbiota intestinal consiste em microrganismos que residem no trato gastrointestinal, em uma relação simbiótica com o hospedeiro. Esta passa por alterações ao longo da vida e sua composição é influenciada por vários fatores como genética, dieta, uso de medicamentos, estresse e doenças. O desequilíbrio da microbiota, também chamado de disbiose, aumenta a permeabilidade da barreira intestinal e compromete as vias de comunicação desse eixo. Disfunções no eixo microbiota-intestino-cérebro têm sido associadas a doenças do sistema nervoso central, como a DA e, outras doenças neurodegenerativas relacionadas ao envelhecimento. Estudos em humanos e com modelos animais indicam que a suplementação de probióticos conferem benefícios ao hospedeiro, restabelecendo o equilíbrio da microbiota intestinal. Os probióticos tem sua ação, principalmente, no lúmen intestinal, na lâmina própria, na barreira mucosa e nos elementos vasculares e neurológicos, além de atuarem no músculo liso e nos linfonodos mesentéricos e são capazes de modular a microbiota intestinal melhorando os sintomas da DA. As cepas probióticas testadas mostraram efeitos benéficos no tratamento da DA, melhorando funções congnitivo-comportamentais e biomarcadores. Contudo, ensaios clínicos com cepas probióticas isoladas ou associadas, no tratamento da DA, ainda são escassos. Por isso, é importante a realização de estudos pré-clínicos e clínicos robustos, com o intuito de ampliar o conhecimento e aplicação clínica destes adjuvantes.
Palavras-Chave: Demência. Eixo Microbiota-intestino-cérebro. Função cognitiva. Lactobacillus, Bifidobacterium.