Resumo da pesquisa: A deficiência de micronutrientes é um problema de saúde pública relevante que ainda acomete diferentes países. Aliado a isso, a população tem buscado alimentos nutricionalmente melhores, inclusive com apelo aos compostos bioativos. Assim, os óleos comestíveis surgem como uma alternativa eficaz para amenizar os agravos decorrentes dessas carências nutricionais bem como para melhorar a qualidade da dieta. Entretanto, como os seus constituintes são sensíveis à oxidação, a indústria alimentícia tem investido em tecnologias que protejam e preservem esses óleos e seus componentes, como a técnica de microencapsulamento, que minimiza a degradação dos óleos e facilita seu processamento e aplicação nas matrizes alimentícias com fins de fortificação. Nesse contexto, a presente proposta teve como objetivo geral analisar a fortificação de alimentos com óleos comestíveis microencapsulados no contexto tecnológico e científico. Para selecionar as patentes sobre microencapsulação de óleos e sua incorporação em alimentos, a busca foi realizada nas bases de dados Espacenet e Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Já para a busca dos artigos científicos sobre o uso de óleos microencapsulados na fortificação de alimentos, foi realizada uma busca em dez bases de dados. O primeiro documento de patente foi depositado em 1999 e em 2015 houve um aumento significativo no número de patentes depositadas, com a China ocupando o primeiro lugar no desenvolvimento de tecnologias de microencapsulamento. Dentre as patentes que mencionaram a finalidade da microencapsulação, a melhoria da estabilidade oxidativa dos óleos foi o objetivo mais citado. Melhoria das propriedades organolépticas dos óleos e dos produtos alimentícios acrescidos com as microcápsulas, melhor solubilidade e proteção do óleo, liberação do composto encapsulado no local desejado e fortificação de alimentos foram outros objetivos mencionados nos documentos de patente. Tanto nas patentes quanto nos artigos científicos, a técnica de microencapsulamento mais empregada na indústria de alimentos foi o spray drying, a lecitina de soja e o óleo de peixe foram o emulsificante e o óleo microencapsulado, respectivamente, mais aplicados nas matrizes alimentícias. Os materiais de parede mais utilizados nas patentes foram amido modificado, maltodextrina e goma arábica, enquanto nos artigos foram maltodextrina, quitosana, goma arábica, caseinato de sódio e as proteínas do soro de leite. Os produtos de panificação e confeitaria, os produtos cárneos e os laticínios foram os grupos de alimentos mais enriquecidos com os óleos microencapsulados tanto nas patentes quanto nos artigos. Em relação aos efeitos dos óleos microencapsulados nos alimentos fortificados, foram relatados nos artigos modificações na composição nutricional, principalmente em termos dos teores de macronutrientes, como aumento no percentual de lipídios e proteínas, servindo como uma estratégia para a indústria alimentícia melhorar a composição desses alimentos fortificados. Os estudos de estabilidade apresentados nos artigos demonstraram que o microencapsulamento protege e preserva os óleos e seus compostos bioativos, mantendo a qualidade e características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais dos alimentos. Diante dos resultados expostos, conclui- se que o microencapsulamento de óleos comestíveis vem se expandindo ao longo dos anos e aumentando as possibilidades de uso pela indústria de alimentos, mas, devido à escassez de estudos, foi identificada a necessidade de pesquisas futuras que avaliem a bioacessibilidade, biodisponibilidade e citotoxicidade destes óleos microencapsulados acrescidos aos alimentos.
Palavras-chave: Enriquecimento. Lipídios. Compostos bioativos. Oxidação lipídica. Microencapsulamento.