Resumo da pesquisa: A ocorrência de contaminantes químicos nos alimentos é algo bastante discutido na literatura, desde efeitos deletérios causados à saúde, principais alimentos fontes de exposição e quais populações são as mais afetadas. Crianças, por diversos fatores, são mais expostas do que adultos a estes elementos, desde o contexto social em que estão inseridas até particularidades fisiológicas que afetam a metabolização de elementos tóxicos a que sejam expostas. A merenda escolar representa um aporte significativo de nutrientes para crianças no Brasil, sobretudo àquelas em condições de vulnerabilidade social. Nesse contexto está inserido o Programa Nacional de Alimentação escolar (PNAE), que visa garantir refeições seguras do ponto de vista nutricional, garantindo aporte calórico e refeições livres de contaminantes. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar os níveis de arsênio (As), cádmio (Cd) e chumbo (Pb) em refeições servidas em escolas públicas do ensino fundamental em quatro municípios do Estado Bahia, Brasil, e os riscos à saúde dos escolares proveniente do consumo dessas refeições. Foram coletadas 96 amostras idênticas as que eram ofertadas aos alunos da rede municipal de 16 escolas em quatro municípios baianos em dois semestres letivos nos anos de 2016 e 2019, estas foram liofilizadas e passaram por processo de mineralização assistida em forno micro-ondas. Em seguida, os teores de As, Cd e Pb foram determinados por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite (EAA-FG), as amostras ainda foram classificadas em diferentes grupos alimentares, de acordo com informações coletadas pelas cozinheiras das escolas para posterior avaliação de risco da exposição a esses contaminantes. A avaliação de risco foi baseada no cálculo do quociente de risco (QR) para cada elemento, nos seguintes cenários: educação infantil, ensino médio e a média geral de idade dos escolares atendidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Os resultados apontaram que nenhuma das amostras atingiu ou ultrapassou os níveis toleráveis para os elementos analisados. O Pb foi o que obteve resultado mais expressivo, atingindo níveis máximos de 0,039-0,157 mg.kg-¹. Os grupos alimentares que mais contribuíram para a exposição ao Pb foram os amiláceos, as frutas e os vegetais, além de leite e derivados. No caso do As, preparações contendo cerais/amiláceos e leite/derivados foram as que mais contribuíram, sendo o único elemento que ultrapassou o PTWI proposto pelo JECFA. Portanto, os valores dos metais tóxicos obtidos estavam abaixo dos níveis permitidos pela legislação do país e não representaram risco de exposição dos escolares via merenda escolar, no entanto, o PTWI elevado de As sendo um elemento tóxico que tem uma meia-vida longa é preocupante.
Palavras-chave: Metais tóxicos, contaminantes inorgânicos, alimentação escolar, avaliação de risco.